sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O poder da escuta... parentalidade positiva

Ouvir desde o primeiro dia, ouvir antes, ouvir durante, ouvir depois é crucial para o crescimento salutar da criança, para o seu desenvolvimento emocional e para a construção da sua identidade!



"A Luisinha ainda não tem um mês de vida, mas já conhece bem a minha voz, mãe é mãe não é?, (conta-nos a mãe com um olhar apaixonado e aguardando ansiosamente por um parecer positivo à conversa). 

Sabe que sou eu que lhe socorre quando chora, quando tem cólicas, quando tem fome, a fralda suja ou simplesmente porque não se sente confortável. O pai ajuda mas ele fica nervoso, ansioso e eu prefiro ser eu. A Luisinha sabe, à sua maneira, transmitir-lhe as suas queixas e a mãe, apesar de inexperiente, vai sabendo decifrá-las, confiando no “diálogo” e na interação que estabelecem. Desde que nascem, os bebés conseguem comunicar de forma eficiente com os pais e cuidadores, mostrando-lhe os seus gostos, preferências e desagrados, por assim dizer exercem o seu direito de participação através da sua forma de expressão peculiar.  Os melhores tradutores destas legendas com um código emocional especial, indecifrável nos primeiros minutos de vida, são os pais.

Mas afinal como conseguem os pais compreender esta linguagem, que se traduz em choros únicos, carinhas mais ou menos expressivas ou subtis expressões faciais?

Primeiro que tudo é preciso que os pais estejam convictos das suas competências e capacidades. Depois, que estejam disponíveis para alimentar esta relação dinâmica, que não é mais do que uma descoberta partilhada, essencial para o bom desenvolvimento emocional e social do bebé e uma oportunidade para traçar o caminho da felicidade. E é aqui, neste momento inicial de maior vulnerabilidade, quando os pais enfrentam dúvidas, angústias e receios, que os técnicos de saúde e educação podem desempenhar um papel crucial, norteado por uma intervenção em prol do bebé e da família. 

Acreditamos à muito que a criança não deve contar apenas com a família, todos os que a rodeiam devem movimentar-se de uma forma cooperativa para que seja feito o melhor e para que a criança beneficie de um crescimento positivo, otimista e comparticipado.
 

O encaminhamento atempado dos técnicos de educação para os tecnicos de saude previne e acresce as probalidades de uma ação no seio familiar promotora de reflexão, mudança e reconstrução das dinâmicas do lar. É preciso co-responsabilizarmo-nos em apoiar, desde os primeiros dias, a familia. 

Ajudar a despistar problemáticas, facilitar nos pedidos individuais, apoiar nas angustias, responder com calma e com um olhar terno e compreensivo como que a própria família de uma criança se tratasse, no fundo é, pois vejamos, a familia está em construção, está em reorganização, daí o apoio técnico muitas vezes não ser pedido, mas deve ser oferecido sempre."
Vera Luís

(texto retirado das notas de campo de 4 de setembro de 2013 e apoiado teoricamente pelas atas da conferência internacional “Valuing baby and family passion towards a science of happiness” (“Valorar a paixão no bebé e na família para uma ciência da felicidade”), que trouxe recentemente a Portugal o pediatra Berry Brazelton)

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